Tentativas e erros provenientes de perguntas
generosas
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Por que escrever sobre o processo
criativo?
Quais são os critérios de criação
e avaliação?
Como sermos rigorosos e flexíveis?
Como fazer um trabalho consistente e pagar as contas?
O que sobra no final do dia? E o que trazemos de volta para
a tela do monitor no dia seguinte?
Qual é o nível de comprometimento com o que
se faz?
Tentativas e erros provenientes de perguntas generosas.
Vericalidade vs. horizontalidade.
Tenho um amigo que uma vez me disse que as duas melhores
profissões do mundo são a de designer e a de
DJ. Você faz uma colagem do melhor que encontra por
aí, ganha desproporcionalmente bem, viaja o mundo inteiro
e ainda é cultuado como uma estrela.
Quero mais do que olhar as estrelas. Quero saber por quê
brilham. Meus olhos me asseguram de que elas estão
muito mais próximas do que a distância que dizem
estar. Perguntas decompõem estrelas e revelam sua estrutura.
O trabalho sempre será baseado nas minhas perguntas
e na minha capacidade de respondê-las.
Esta publicação sugere uma desmistificação
do design. Trata-se de um teste: havendo um espaço
periódioco para a produção de material
que reflita a pesquisa que consideramos essêncial para
o amadurecimento do design, poderemos ver que espécie
de trabalho surge. Veremos como ele é recebido pelos
profissionais, estudiosos, estudantes, curiosos e participantes.
Também poderemos verificar se essa comunidade está,
de fato, interessada nesse tipo de abordagem.
Contamos com a contribuição de profissionais
envolvidos de diversas formas com design. A primeira edição
aborda as fronteiras entre arte e design, ética e responsabilidade,
a educação em design e o mercado profissional.
Passamos por possíveis definições da
profissão, como prática e conceito. Questionamos,
também, a necessidade por tais definições.
Passeamos por momentos históricos da vida cotidiana
do design no Brasil na década de 80. Criticamos a (ainda
presente e persistente) mistificação do “produto
importado” e o desdém com o “designer nacional”.
Falamos do mercado editorial no Brasil. Abordamos idéias
sobre bom senso e bom gosto. Trazemos à tona a possível
idéia de um “design sulcentrista”. Isso,
e algo mais, nessa primeira tentativa de criar uma vitrine
para as idéias que consideramos pertinentes ao processo
de criação. Os autores participantes lhe entregam
aqui um material rico e cheio de pó interestrelar pronto
para ser analisado por você, leitor.
É importante reafirmar que nem todas as opiniões
expressas aqui são as mesmas do time editorial. Esta
é uma plataforma de teste e demonstração
– e não de formação de idéias.
As partes estão todas aqui. Agora faça você
mesmo.
Pesquisa Visual é
uma nova revista de design em formato de livro
que incentiva a investigação e o
questionamento na área. Trata-se de uma
revista de ensaios, mas não de uma revista
acadêmica. Editada pela designer Mariana
Aurélio, e produzida pelo seu escritório
Horta, a estrutura da publicação
é a de artigos seguidos por entrevistas
com os respectivos autores, nos quais eles falam
de suas carreiras, de temas recorrentes do design
brasileiro e detalham questões mencionadas
em seus textos. |
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A revista semestral tem formato
gráfico de livro (14 x 21 cm) e é
impressa em papel off-set 120g com miolo preto
e branco. O primeiro número, com 124 páginas,
traz cinco artigos: do designer e artista plástico
Cadu Costa Cadu Costa; do tipógrafo Eduardo
Berliner; da professora e pesquisadora Edna Cunha
Lima; do tipógrafo e editor da revista
"Tupigrafia" Cláudio Rocha; e
do pesquisador André Villas-Boas.
Trata-se de uma iniciativa independente que
conta com a distribuição da editora
2AB. O site da revista, que contém uma
introdução de cada artigo, pretende
ser um portal em a Pesquisa Visual e seus leitores. |
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Cadu Costa
Andar É
Um Eterno Processo de Compensação da Queda
Eduardo Berliner
Sem Título
No primeiro artigo, o designer e artista plástico
Cadu Costa parte do livro "Walking in circles",
de Richard Long, para fazer considerações sobre
o processo criativo. Já o tipógrafo Berliner
faz despretenciosos comentários a cerca do cotidiano,
amparado por alguns de seus trabalhos como artista plástico.
Em seguida, os dois dão uma entrevista conjunta na
qual falam sobre a dupla inserção das experiências
profissionais e criativas de cada um, sobre a formação
dos designers e a relação entre nosso campo
e o campo da arte.
Edna Cunha Lima
Estudando Efêmeros
A professora e pesquisadora Edna Cunha Lima apresenta um
longo artigo sobre os rótulos de cigarros pernambucanos
produzidos no século XIX. Na entrevista que se segue,
fala de sua experiência de quase três décadas
como professora de graduação na área
e sobre o estado atual do campo.
Cláudio Rocha
Tupigrafia
Em seu breve texto, o tipógrafo e editor da revista
"Tupigrafia" conta esta experiência pioneira
no país. Na entrevista, ele e o outro editor daquela
publicação, o também designer e tipógrafo
Tony de Marco, falam de suas carreiras, das experiências
de intercâmbio com o exterior e o pioneirismo de suas
atividades.
André Villas-Boas
Compaixão aos Bastardos
Num ensaio que por vezes acena um tom quase litúrgico,
o autor e pesquisador aborda as especificidades da posição
do designer num país periférico como o nosso
e a tradição do campo de adequação
à lógica pós-colonial, no Brasil. Na
longa entrevista, o autor conta sua carreira a partir de sua
tardia inserção na área, a descoberta
da atividade como pesquisador e os problemas do sistema acadêmico.
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