Capa Com a Palavra Matéria

   PUBLICAÇÃO 

Revista Pesquisa Visual: editorial

Mariana Aurélio
Março 2006

Tentativas e erros provenientes de perguntas generosas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Por que escrever sobre o processo criativo?
Quais são os critérios de criação e avaliação?
Como sermos rigorosos e flexíveis?
Como fazer um trabalho consistente e pagar as contas?
O que sobra no final do dia? E o que trazemos de volta para a tela do monitor no dia seguinte?
Qual é o nível de comprometimento com o que se faz?
Tentativas e erros provenientes de perguntas generosas.
Vericalidade vs. horizontalidade.

Tenho um amigo que uma vez me disse que as duas melhores profissões do mundo são a de designer e a de DJ. Você faz uma colagem do melhor que encontra por aí, ganha desproporcionalmente bem, viaja o mundo inteiro e ainda é cultuado como uma estrela.

Quero mais do que olhar as estrelas. Quero saber por quê brilham. Meus olhos me asseguram de que elas estão muito mais próximas do que a distância que dizem estar. Perguntas decompõem estrelas e revelam sua estrutura. O trabalho sempre será baseado nas minhas perguntas e na minha capacidade de respondê-las.

Esta publicação sugere uma desmistificação do design. Trata-se de um teste: havendo um espaço periódioco para a produção de material que reflita a pesquisa que consideramos essêncial para o amadurecimento do design, poderemos ver que espécie de trabalho surge. Veremos como ele é recebido pelos profissionais, estudiosos, estudantes, curiosos e participantes. Também poderemos verificar se essa comunidade está, de fato, interessada nesse tipo de abordagem.

Contamos com a contribuição de profissionais envolvidos de diversas formas com design. A primeira edição aborda as fronteiras entre arte e design, ética e responsabilidade, a educação em design e o mercado profissional. Passamos por possíveis definições da profissão, como prática e conceito. Questionamos, também, a necessidade por tais definições. Passeamos por momentos históricos da vida cotidiana do design no Brasil na década de 80. Criticamos a (ainda presente e persistente) mistificação do “produto importado” e o desdém com o “designer nacional”. Falamos do mercado editorial no Brasil. Abordamos idéias sobre bom senso e bom gosto. Trazemos à tona a possível idéia de um “design sulcentrista”. Isso, e algo mais, nessa primeira tentativa de criar uma vitrine para as idéias que consideramos pertinentes ao processo de criação. Os autores participantes lhe entregam aqui um material rico e cheio de pó interestrelar pronto para ser analisado por você, leitor.

É importante reafirmar que nem todas as opiniões expressas aqui são as mesmas do time editorial. Esta é uma plataforma de teste e demonstração – e não de formação de idéias. As partes estão todas aqui. Agora faça você mesmo.

Pesquisa Visual é uma nova revista de design em formato de livro que incentiva a investigação e o questionamento na área. Trata-se de uma revista de ensaios, mas não de uma revista acadêmica. Editada pela designer Mariana Aurélio, e produzida pelo seu escritório Horta, a estrutura da publicação é a de artigos seguidos por entrevistas com os respectivos autores, nos quais eles falam de suas carreiras, de temas recorrentes do design brasileiro e detalham questões mencionadas em seus textos.
 
A revista semestral tem formato gráfico de livro (14 x 21 cm) e é impressa em papel off-set 120g com miolo preto e branco. O primeiro número, com 124 páginas, traz cinco artigos: do designer e artista plástico Cadu Costa Cadu Costa; do tipógrafo Eduardo Berliner; da professora e pesquisadora Edna Cunha Lima; do tipógrafo e editor da revista "Tupigrafia" Cláudio Rocha; e do pesquisador André Villas-Boas.
Trata-se de uma iniciativa independente que conta com a distribuição da editora 2AB. O site da revista, que contém uma introdução de cada artigo, pretende ser um portal em a Pesquisa Visual e seus leitores.
     

 

Cadu Costa

Andar É Um Eterno Processo de Compensação da Queda

Eduardo Berliner

Sem Título

No primeiro artigo, o designer e artista plástico Cadu Costa parte do livro "Walking in circles", de Richard Long, para fazer considerações sobre o processo criativo. Já o tipógrafo Berliner faz despretenciosos comentários a cerca do cotidiano, amparado por alguns de seus trabalhos como artista plástico. Em seguida, os dois dão uma entrevista conjunta na qual falam sobre a dupla inserção das experiências profissionais e criativas de cada um, sobre a formação dos designers e a relação entre nosso campo e o campo da arte.


Edna Cunha Lima

Estudando Efêmeros

A professora e pesquisadora Edna Cunha Lima apresenta um longo artigo sobre os rótulos de cigarros pernambucanos produzidos no século XIX. Na entrevista que se segue, fala de sua experiência de quase três décadas como professora de graduação na área e sobre o estado atual do campo.


Cláudio Rocha

Tupigrafia

Em seu breve texto, o tipógrafo e editor da revista "Tupigrafia" conta esta experiência pioneira no país. Na entrevista, ele e o outro editor daquela publicação, o também designer e tipógrafo Tony de Marco, falam de suas carreiras, das experiências de intercâmbio com o exterior e o pioneirismo de suas atividades.


André Villas-Boas

Compaixão aos Bastardos

Num ensaio que por vezes acena um tom quase litúrgico, o autor e pesquisador aborda as especificidades da posição do designer num país periférico como o nosso e a tradição do campo de adequação à lógica pós-colonial, no Brasil. Na longa entrevista, o autor conta sua carreira a partir de sua tardia inserção na área, a descoberta da atividade como pesquisador e os problemas do sistema acadêmico.

 

MAIS INFO
  www.pesquisavisual.com.br
  www.horta.art.br
  www.2ab.com.br
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